Máscara...

Bastava retirar a maquiagem que ela se transformava em outra pessoa. Na verdade, voltava a ser o que sempre foi quando não usava máscaras para se esconder. O batom vermelho transformava seu sorriso falso em simpatia. O rímel escondia o olhar inseguro e de convicções fracas.
Maquiada, ela parecia tão forte, tão madura, tão poderosa. Porém, na medida em quem removia todo aquele pó de seu rosto, surgia uma mulher indecisa e angustiada. Seu semblante decaía. Deixava de parecer tão certa, tão justa e tão sincera. Tornava-se amarga e amargurada. Às vezes, ela pensava em tornar aquela parafernalha facial em algo definitivo, mas, não queria sentir-se falsa e fingida o tempo todo. Era inevitável... no fim do dia tudo voltava a seu estado normal e ela voltava a ser aquilo que ela sempre foi e tentava esconder... voltava a ser aquilo que ela sabia que era e que, talvez, seria para sempre. Voltava a ser infeliz e, cada gota de removedor que tocava a sua pele, lembrava-a de sua hipocrisia diante de si mesma.