Espontaneidade

"Há tempo e lugar para a espontaneidade" (*). Me prendi a essa frase hoje enquanto lia um livro na sala de espera de um insuportável órgão público (detalhe importante de ser dito! rs). Imediatamente parei para pensar sobre ela. A princípio discordei, pois, se a espontaneidade exige tempo e lugar então ela não é 'tão espontanea' assim. Mas, pensei um pouco mais... percebi que a espontaneidade exige tempo e lugar simplesmente porque não é possível que sejamos espontâneos sempre que o quisermos. [Um exemplo disso é que senti uma enorme e espontânea necessidade de chingar em alta voz aqueles servidores públicos que lentamente me atenderam desde o início da manhã até a metade da tarde, rs]. Entretanto a cultura puni o que é espontâneo.

Não podemos demonstrar nossas necessidades, medos, vontades, desejos e alegrias em qualquer tempo e circunstância. Ser espontâneo pode significar ser socialmente punido... e aquilo que deveria ser extremamente reforçador torna-se absurdamente aversivo em determinadas circunstâncias.

A que conclusão quero chegar?

1- Que para ser espontâneo é preciso ter "permissão";

2- Que ser espontâneo nem sempre significa exercer completa vontade e liberdade;

3- Que a espontaneidade pode ser limitada e podada pelas regras sociais que movimentam a nossa cultura;

4- Porém, o mais importante é que A ESPONTANEIDADE PRECISA SER PROVOCADA!!!

A espontaneidade precisa de espaço para ser desenvolvida em toda a sua totalidade... precisa de amplitude, de ambiente, de possibilidades, de circunstâncias. A espontaneidade precisa dela mesma para poder existir... Desse modo, há tempo, lugar e coragem para a espontâneidade!!!

(*) Frase de Marian Keyes, no livro 'Melancia'.